domingo, 27 de novembro de 2016

Colorpuntura Esogética


Segundo a definição da Bioenergia, o homem está intimamente ligado com o corpo energético, os meridianos, as zonas reflexas e a outros sistemas bioreguladores. Seu estado intrínseco de equilíbrio resulta da harmonia entre os polos Yin / Yang. 

O naturopata alemão Peter Mandel desenvolveu a Medicina Esogética, que oferece uma terapia de cor que junta a Medicina Tradicional Chinesa com outras medicinas energéticas e abordagens holísticas do corpo humano, uma terapêutica de equilíbrio profundo e imediato da força vital universal que os chineses chamam de Chi. 

A colorpuntura de Mandel tem sido a terapia mais destacada do ocidente. Se aplica praticamente a todas as pessoas por seu excelente sucesso. 

 

A Colorpuntura Esogetica é a mais avançada medicina da luz disponível hoje, e vem evoluindo rapidamente. Combina os antigos princípios esotéricos das doutrinas herméticas, a sabedoria energética da medicina chinesa e o conhecimento científico moderno da biofísica da luz para formar um poderoso sistema de cura. Ela pode ser usada em harmonia com outros sistemas de cura, como homeopatia, acupuntura, psicoterapia, quiropraxia, trabalho corporal e muitos outros.

 

A colorpuntura Esogética envolve terapias de luzes colorida, frequências de infravermelhos, frequências de ultravioletas, terapias de ondas cerebrais, terapias de som e terapias de cristal em zonas pré-determinadas na pele como indicado pela Análise de Emissão de Energia Kirlian para energizar potentes impulsos de cura nos nossos corpos físicos e energéticos. Enquanto a frequência terapêutica é absorvida pela pele e transmitida ao longo de caminhos energéticos ou meridianos profundamente dentro do corpo, ela estimula a comunicação intracelular e a cura.

O tratamento com a Colorpuntura oferece uma maneira única de chegar às raízes de muitos problemas de saúde. Se você está doente ou suspeita que seus sintomas corporais podem estar relacionados a velhos traumas ou problemas emocionais não resolvidos, ou à sua confusão ou falta de direção na vida, esse tipo de tratamento pode ajudá-lo a acessar e integrar, curar nas raízes de seus problemas emocionais e físicos, harmonizando-os.
Clique para ver vídeos demonstrativos:


 

Pessoas saudáveis, que querem ajudar a prevenir a doença limpando os bloqueios energéticos antes que eles impactem no corpo, bem como aqueles que querem ter acesso à informação mais profunda e integrativa da psique, necessária para se mover mais facilmente em seus caminhos de vida, vão achar os tratamentos da Colorpuntura inestimáveis. Os clientes relatam não apenas mudanças em seus corpos, mas melhoram a perspectiva emocional e tem um sentido mais claro da direção na vida após o tratamento.

Contate o e-mail transformar@hotmail.com para agendar uma consulta ou escreva uma mensagem para Transformar no facebook.


Texto retirado da internet Colorpuncture USA, traduzido e adaptado por Heráclito A. da Silveira.

domingo, 26 de julho de 2015

Terapia Corporal Bioenergética

Bioenergética
O Corpo em Terapia

A base da Terapia Bioenergética está fundamentada nos conceitos de saúde vibrante, grounding, respiração, carga e descarga de energia, movimento livre e espontâneo. Compreende a personalidade, a qualidade dos relacionamentos,os processos de pensamento e a sexualidade, em função dos processos energéticos. A abordagem tem como ponto de partida o trabalho corporal, buscando a integração entre corpo, mente e espírito.
Utilizando em conjunto o grounding, a respiração e as vibrações involuntárias, associadas ao som e aos toques sobre a musculatura tensa, promove-se a ligação energética e emocional entre sentimentos do coração, sentimentos sexuais e a consciência. Através dos movimentos voluntários despertam-se os involuntários e assim desencadeiam-se os sentimentos inconscientes enraizados na memória corporal.
Mesmo pessoas sem nenhuma queixa poderão obter, com a terapia bioenergética, uma maneira satisfatória para resolver momentos de crise pessoal, aprofundar o autoconhecimento ou liberar sua experiência em direção à alegria e à criatividade.
Os padrões corporais cronicamente rígidos, juntamente com as representações mentais, crenças e valores que sustentam esses padrões, constituem a estrutura de caráter, que influencia a autopercepção física, a auto-estima, a auto-imagem e o intercâmbio com o ambiente. O terapeuta bioenergético possui uma segunda linguagem, com o uso da terapia corporal, com a qual pode se comunicar com seu cliente. Esta segunda linguagem possibilita reviver as relações primárias do cliente e alcançar mais facilmente um nível mais profundo de experiência do que aquele obtido com a abordagem puramente verbal.

Corpo-mente-espírito - O indivíduo é visto como uma unidade psicossomática. O que afeta a mente afeta o corpo, e o que afeta o corpo afeta a mente. As defesas psicológicas usadas para lidar com a dor e o estresse, tais como racionalizações, negação e supressões também estão ancoradas no corpo. E aparecem como padrões musculares que inibem a expressão. Esses padrões tornam-se inconscientes e passam a fazer parte da própria identidade da pessoa, impedindo que ela consiga se modificar, mesmo que entenda a natureza do problema. Por isso, baseamo-nos na leitura corporal, ouvimos a história que a pessoa conhece e consegue contar e também deduzimos a história que ainda não conhece, a partir daquilo que o corpo mostra. A leitura corporal se baseia na observação da energia, intensidade, fluxo ou bloqueios (vitalidade), capacidade de conter energia (autocontrole), centramento (auto-conhecimento), grounding (contato com a realidade interna, emocional, e a realidade externa, o mundo).
Os processos energéticos do corpo estão relacionados ao estado de vitalidade do organismo.

“De-pressão” = falta de pressão interna ou de circulação da energia, que fica estagnada e pesa. O decréscimo de energia restringe a motilidade, capacidade para ação espontânea e natural, com graça e emoção. A compensação do organismo encouraçado é o movimento mecânico, programado, sem sentimento. É um padrão de comportamento limitador, geralmente criado na infância para garantir a sobrevivência.
Pensamentos e sentimentos são condicionados por fatores energéticos – carga, descarga, pulsação, intensidade, grounding, centramento. Se a energia é retida, ela se transforma e gera pensamentos, sentimentos e atos literalmente distorcidos. De alguma forma, esta distorção fica também visível no corpo. Por exemplo, os músculos peitorais que participam da respiração, também têm a função de buscar algo que queremos e de manter longe aquilo que não queremos (impondo limites). Estes músculos participam também na torção do braço. Quando os peitorais estão contidos cronicamente, ombros e braços ficam limitados, limitando também a respiração. Um peito cronicamente contraído conta uma história de abandono e isolamento, mas também cria condições para novos abandonos e perdas na vida atual.
As pessoas que passam pelo processo da bioenergética informam um efeito positivo sobre sua energia, humor e trabalho, que acontece por meio de: 1. aprofundamento da respiração; 2. aumento do sentimento de vitalidade; 3. grounding de pernas, corpo, olhos, com melhor percepção da realidade; 4. agudização da autoconsciência; 5. ampliação da auto-expressão e do autocontrole.
O objetivo da terapia é uma pessoa cheia de vida, capaz de vivenciar e expressar, adequadamente, prazeres e dores, alegrias e tristezas, raiva, amor e sexualidade. O prazer de estar plenamente vivo fundamenta-se no estado vibratório do sistema, sendo percebido na expansão/contração pulsátil do organismo, inclusive no sistema vegetativo – respiratório, circulatório e digestivo. A atitude vibratória é responsável por ações espontâneas, liberação emocional e funcionamento interno harmônico.

Grounding - Uma árvore só pode crescer se possuir raízes fortes, saudáveis e bem fincadas no chão. O tamanho da copa corresponde ao tamanho do sistema de raízes. Dizemos que alguém está grounded quando está com “os pés no chão”, em contato com a realidade, inserida em seu contexto. O grounding dá o senso de segurança, eixo e centramento necessários para relacionamentos saudáveis. A criança obtém seu grounding por meio do corpo da mãe. O adulto precisa enraizar-se no seu próprio solo. É a única base sólida para partir para um relacionamento saudável. Caso contrário, a pessoa vai continuar tentando usar as raízes de outros, “vivendo dependurado”. Dizendo coisas do tipo: “Não vivo sem você”. Grounding é fundamental no trabalho bioenergético. Uma pessoa neste estado percebe que sua energia flui livremente, assim como sua respiração.

Prazer - A meta essencial da vida é o prazer e nunca a dor, afirmava Freud. Mas como podemos definir prazer? Reich definiu esse sentimento como a percepção de um movimento expansivo dentro do corpo. Para ele, o ato de buscar algo é a base da experiência de prazer e representa uma expansão de todo o organismo, um fluxo de sentimentos e energia até a periferia do corpo. Fechamento, retraimento, retenção não são experiências de prazer, podendo provocar dor ou ansiedade, que seriam o resultado de uma pressão criada pela energia de um impulso bloqueado. Se a musculatura contém o impulso, ocorre contração e dor; se a musculatura não dá conta de conter a excitação do impulso, ocorre ansiedade.
O prazer é uma orientação biológica. Perante situações dolorosas, nós nos contraímos. Quando a situação contém uma promessa de prazer associada a uma ameaça de dor, sentimos ansiedade. O impulso é uma excitação prazerosa que nasce no íntimo, e se dirige para o mundo, se encontra contração, a excitação se torna aflitiva, vira agitação motora, acelera a respiração e/ou o batimento cardíaco. Por exemplo, se o namorado (a) não telefona. Você não consegue deixar de pensar nele (a), mas não se permite ligar para ele (a) para não parecer interessada (o) demais, e o desejo de falar com ele (a) aumenta... Este dilema de sentir-se submetido a movimentos contraditórios é a causa da ansiedade latente na maioria dos distúrbios psíquicos. O único meio de evitar a ansiedade é suprimir o impulso, acabar com o desejo. Para suprimir o desejo, tem de ser suprimida a excitação. Quando a defesa é bem-sucedida a pessoa não sentirá ansiedade nem dor, mas ficará restringida para o prazer. Terá construído uma couraça para inibir o desejo de contato, a excitação ou o impulso e a ação. Com o tempo, essa couraça se torna crônica e inconsciente. A pessoa passa a viver de forma rígida, aprisionada física e emocionalmente na couraça que construiu para se proteger.
O fluxo de prazer parte do coração em direção aos pontos de contato com o mundo: olhos, boca, pele, mãos, pés e genitália. O sentimento de alegria, que brota de dentro, só é experimentado quando há energia e vida na barriga, ou seja, na pelve, afirma Lowen. A terapia vai ajudar a integrar a compreensão da cabeça, o afeto do coração e a sexualidade do corpo.
Couraça - Reich falava em quebrar couraças, vencer resistências. Hoje aprendemos que é melhor dissolver. Nós ajudamos a pessoa a se mover para dentro dos espaços internos onde os bloqueios podem ser dissolvidos, porque se tornaram desnecessários. Por exemplo: você está ferida e com raiva. Se a pessoa que a feriu chega e diz sinceramente: “Estou vendo que você está ferida e com raiva, eu sinto muito, me desculpe”. O bloqueio começa a se dissolver. Dissolver couraças implica novos aprendizados, formas mais funcionais de viver o próprio self e estar no mundo.

Trabalho com a alma, Respirar significa re-espiritualizar. Quando você libera o queixo, a boca, a respiração, o desejo, a busca, abre-se a alma. Os exercícios para alinhar o eixo do corpo e abrir o fluxo da energia através dos sete anéis, abrem os sete centros energéticos principais (chákras).
Antigamente, pensava-se que sexualidade e espiritualidade fossem coisas opostas, que a espiritualidade acontecia na cabeça, ao passo que a sexualidade acontecia na parte inferior do corpo. Esta visão do ser humano pressupõe uma divisão, que isola o coração e desfaz a conexão entre as duas extremidades do corpo. No ser humano integrado, a espiritualidade, assim como a sexualidade, são funções do ser como um todo. Quando o amor sobe à cabeça, vindo do coração, a pessoa sente a sua conexão com a corrente de amor universal. Quando o amor desce do coração para a pelve e as pernas, a pessoa sente-se ligada à terra, à individualidade. Esse grounding dá consistência e significado humano à espiritualidade. A espiritualidade, dissociada da sexualidade e do enraizamento no corpo, transforma-se em uma abstração; e a sexualidade, dissociada da espiritualidade, passa a ser um ato puramente físico. Em resumo, a bioenergética é um corpo de conhecimentos em evolução, que considera que a vitalidade é uma resultante da energia e da respiração. O contato com a realidade, a autonomia e a segurança são funções do grounding e o prazer depende de sentir pulsação, movimento, vibração, principalmente na pelve. Palavras e idéias podem enganar. Mas o corpo revela a nossa verdade. É o que temos em comum com todos os seres da natureza.

Vídeos:
Alexander Lowen - Você é o seu corpo, Os 3 princípios da Bioenergética

Alexander Lowen - Leitura Corporal

Referências:
LOWEN, Alexander. O Corpo em Depressão. (Summus)
LOWEN, Alexander. A Espiritualidade do Corpo. (Cultrix)
WEIGAND, Odila. Grounding e Autonomia: A terapia corporal Bioenergética revisitada. São Paulo: Person, 2006, 144p.

Texto retirado da enciclopédia livre da internet Wikipédia.
Adaptado e resumido por Heráclito A. da Silveira

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

As Terapias Naturais e o seu Contexto Atual


©Mark Harless (Bleeblu) & Moon | La faune et la flore. Photography/Ilustration

As práticas naturais surgiram há milhares de anos, quando o homem primitivo desenvolveu o que culminou no xamanismo, uma prática espiritual, artística, médica e psicológica que foi adotada em todos os continentes e em diversas culturas pelo mundo.

No corpo de conhecimento xamânico, as práticas médica e psicológica não podem ser entendidas e nem aplicadas de forma isolada, pois fazem parte de um contexto muito maior do que elas em si. Neste sistema, a união entre o rito, a arte, o corpo, as técnicas terapêuticas, o meio ambiente e a religiosidade constituem uma estrutura única que dá sentido à vida e que também promove a saúde de forma integrada.

Após o xamanismo, surgiram práticas terapêuticas derivadas em culturas mais avançadas tecnologicamente, como os egípcios, os hindus e os chineses.
Atualmente, estão bem difundidas estas práticas e conhecimentos aqui no ocidente através da popularização do yoga e da medicina ayurvédica, assim como pela comprovada eficácia da acupuntura e da medicina tradicional chinesa.

A “visão” principal destes sistemas de cura é holística, ou sistêmica, e de fortes bases filosóficas espirituais. O manejo da saúde está diretamente relacionado com o ambiente, com as relações da pessoa e no cuidado com o corpo e a mente como uma unidade indivisível. Além da visão holística ambiental, essas disciplinas compreendem também uma visão holística aplicada ao corpo e à mente conectados por sistemas energéticos sutis, que foram mapeados e cuidadosamente estudados.

É crescente o interesse da ciência e da população no estudo e na prática da meditação, na medicina natural e em práticas complementares em saúde.

Essas terapias integram os conhecimentos holísticos de tradições antigas e psicológicos e terapêuticos contemporâneos, sempre considerando o funcionamento fisiológico e corporal em conjunto com as experiências mentais e emocionais aliados a uma visão sistêmica. O indivíduo é visto como a totalidade de suas interações, e não como um corpo isolado.

Além do benefício físico e do relaxamento profundo, o tratamento atua também psicologicamente sobre as nossas visões de mundo e relações, estimulando a manutenção de um estilo de vida mais leve, criativo e, portanto, saudável.

As práticas naturais podem levar a experiências integrativas muito positivas, com efeitos permanentes e saudáveis na personalidade. Um espaço novo de consciência surge devido a modificações no fluxo de energia do corpo e, portanto, da mente, beneficiando assim o organismo em suas tentativas de autocura e integração.

Para solucionar nossos problemas de saúde, precisamos desenvolver abordagens sistêmicas de tratamento e que contemplem o sentido da experiência humana em seus diversos níveis e necessidades. As práticas naturais são uma resposta a essa demanda crescente da população.

As técnicas ajudam na potencialização da autopercepção, na introspecção, no equilíbrio fisiológico, no relaxamento e na desintoxicação física e emocional, harmonizando todos os sistemas corporais e promovendo também o desenvolvimento psicológico e social.

O novo paradigma, no qual as práticas naturais estão incluídas, vem trazer novas e antigas formas de cuidados com a saúde, com o meio ambiente, com a sociedade e com o desenvolvimento humano visando benefícios por meio de técnicas terapêuticas não invasivas, limpas e que apoiam a integração física e psíquica, estimulando a tendência natural do organismo à autocura e à auto-organização.

As terapias naturais servem para redescobrirmos a nossa capacidade de curarmos a nós mesmos, para nos ajudar na jornada em busca da saúde de uma forma sustentável e holística, devolvendo ao mundo um sistema de tratamento que inclui a humanidade, o cuidado com o outro, a introspecção e a espiritualidade, gerando saúde e bem-estar em muitos níveis.

Heráclito Antunes da Silveira

site Transformar naturalmente 
https://tresjoias3.wixsite.com/transformar

(048) 98413-2488

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Zen Shiatsu e Massagem Terapêutica

O que é Zen Shiatsu?

O Zen Shiatsu surgiu com a proposta de tornar os métodos do Shiatsu mais agradáveis para quem recebe a massagem, com toques mais sutis e alongamento dos músculos. Neste método não são somente os polegares que tocam os pontos meridionais, mas o profissional também trabalha com as palmas das mãos e movimentos articulares.


Como é o método utilizado pelo Zen Shiatsu?

O terapeuta realiza o trabalho na maca assim como no chão com o uso de um tatame com diferentes manobras e posturas que visam o alívio das tensões e o relaxamento do cliente.
Enquanto uma mão atua sobre o ponto meridiano, a outra mão direciona o membro do corpo que está sendo trabalhado, promovendo o alongamento dos músculos desta região. Esta prática serve para que ocorra o desbloqueio de energia, possibilitando o equilíbrio energético corporal.

Movimentos rotatórios que se utilizam de partes do corpo do massagista, como joelhos e cotovelos, também podem ser aplicados nesta técnica.
Trabalha o corpo de forma profunda porém suave, através de pressão aplicada com os dedos e palma das mãos. Indicada para problemas de coluna (hérnia discal, lombalgia, nervo ciático, cervicalgia, dorsalgia, etc), problemas musculares e alterações emocionais. No início do século XX, um grande Mestre Japonês, Mitsuo Matsunaga, aperfeiçoou e introduziu técnicas não dolorosas no Shiatsu.

Assim nasceu o Zen Shiatsu, também conhecido como o Shiatsu sem dor.

As suas principais diferenças são:

  • O Shiatsu trabalha pressionando os meridianos com os polegares e o Zen Shiatsu trabalha muito mais com as palmas das mãos. As pressões são largas, abertas e mais suaves.
  • O Zen Shiatsu trabalha os meridianos (tonificando ou sedando) e ao mesmo tempo faz um grande trabalho de alongamento da musculatura referente à área do meridiano. Trazendo sensação de bem-estar e relaxamento.
  • O Shiatsu trabalha com as duas mãos simultaneamente e o Zen Shiatsu trabalha com uma mão de apoio (também chamada de “mão mãe”) em contacto direto com o cliente (tonificando), enquanto a outra mão age sobre os meridianos e pontos dissolvendo bloqueios e estagnações de energia. A “mão mãe” traz sensação de segurança e relaxamento ao cliente.
Benefícios do Zen Shiatsu

Entre os benefícios mais comuns encontrados no método do Zen Shiatsu para relaxamento e equilíbrio, temos:

  • A restauração do bom funcionamento do organismo
  • Equilíbrio das energias do corpo
  • Relaxamento dos músculos
  • Alívio do estresse
  • Alívio de dores musculares
  • Alívio de tensões
  • Relaxamento mental
Este tipo de massagem não tem como objetivo curar doenças, mas devido a seus benefícios, diversos sintomas podem ser aliviados durante as sessões.

O Zen Shiatsu é restaurador. A ideia básica é a de restaurar o funcionamento orgânico, e não a de tratar sintomas. No entanto, através do Zen Shiatsu equilibra-se o sistema energético do corpo, e cria-se uma sensação de energia e bem-estar, “enfraquecendo” os sintomas presentes. Assim, os sintomas são atingidos indiretamente.

Uma das principais indicações do Zen Shiatsu é a diminuição da tensão física e mental.


Dicas de exercício para dor na região lombar Vídeo: OhashiMethod® Exercises for Lower Back Pain - Cross-patterning

Texto retirado da internet e adaptado por Heráclito A. da Silveira.
www.dicasdemassagem.com.br/o-que-e-zen-shiatsu
www.niponspa.com/nipon/tratamentos/massagens/zen-shiatsu


quinta-feira, 11 de setembro de 2008

O Que São os Estados Holotrópicos de Consciência? 1ª parte


Stanislav Grof

texto do capítulo 1 do livro Psicologia do Futuro, Stanislav Grof. Ed Heresis



O Potencial Curativo e Heurístico dos Estados Não-Comuns de Consciência

Este livro resume minhas experiências e observações de mais de quarenta anos de pesquisas sobre estados não-comuns de consciência. Meu interesse pri­meiro é enfocar os aspectos heurísticos desses estados, isto é, como eles podem contribuir para nossa compreensão da natureza da consciência e da psique hu­mana. Como minha formação foi em psiquiatria clínica, também darei especial atenção ao potencial de cura, de transformação e de evolução através dessas experiências. Para esse propósito, o termo estados não-comuns de consciência é muito amplo e geral. Ele inclui uma larga gama de condições que são de pouco ou nenhum interesse para a perspectiva heurística ou terapêutica. A consciência pode ser profundamente modificada por uma variedade de processos patológicos - por traumas cerebrais, por intoxicações com venenos químicos, por infecções, ou por processos degenerativos ou de circulação no cérebro. Seguramente, tais condições podem resultar em profundas mudanças mentais que as relegariam à categoria de "estados não-comuns de consciência". Contudo, tais danos ocasionam "delírios triviais" ou "psicoses orgânicas", esta­dos muito importantes clinicamente, mas irrelevantes para nossa discussão. É característico das pessoas que sofrem de tais estados encontrarem-se desorienta­das: elas não sabem quem são, onde estão ou que dia é. Além disso, suas funções intelectuais ficam significativamente danificadas e, tipicamente, elas sofrem de amnésia após suas experiências. Neste livro, enfocarei um grande e importante subgrupo dos estados não­-comuns de consciência que difere significativamente do restante e representa uma inestimável fonte de novas informações sobre a psique humana, tanto na saúde quanto na doença. Ele também tem um notável potencial terapêutico e transformador. Com o passar dos anos, observações clínicas diárias me comven­ceram da natureza extraordinária dessas experiências e das amplas conseqüênci­as que elas implicam em relação à teoria e à prática da psiquiatria. Achei difícil acreditar que a psiquiatria contemporânea não reconheça suas especificidades e não tenha terminologia especial para elas. Por perceber claramente que elas merecem ser destacadas do resto, em uma categoria especial, cunhei o termo holotrópico (Grof, 1992). Esta palavra com­posta significa literalmente "orientado para a totalidade/inteireza" ou "indo em direção à totalidade/inteireza" (do grego holos = totalidade/inteireza e trepein = indo em direção a algo). Mais adiante, o significado completo deste termo e­ a justificação para seu uso ficarão mais claros. Ele sugere que, no estado de consci­ência cotidiana, identificamo-nos com apenas uma pequena fração de quem re­almente somos. Nos estados holotrópicos, podemos transcender as fronteiras restritas do ego corporal e reivindicar nossa identidade total.

Estados Holotrópicos de Consciência

Nos estados holotrópicos, ocorre uma mudança qualitativa de consciência, de forma profunda e fundamental, que não sofre danos como ocorre nas condi­ções de causa orgânica. Tipicamente, permanecemos completamente orienta­dos em termos de espaço e tempo e não perdemos totalmente o contato com a realidade diária. Ao mesmo tempo, nosso campo de consciência é invadido por conteúdos de outras dimensões da existência que podem ser muito intensos e até mesmo avassaladores. Assim, experienciamos simultaneamente duas reali­dades muito diferentes, "temos cada um dos pés em um mundo diferente". Os estados holotrópicos caracterizam-se por dramáticas mudanças de per­cepção em todas as áreas sensoriais. Quando fechamos os olhos, nosso campo de visão pode ser inundado por imagens provenientes de nossa história pessoal e do inconsciente individual e coletivo. Podemos ter visões e experiências retra­tando vários aspectos dos reinos animal e botânico, da natureza em geral ou do cosmo. Nossas experiências podem nos levar aos domínios de seres arquetípicos e a regiões mitológicas. Quando abrimos os olhos, nossa percepção do ambiente pode sofrer uma transformação ilusória através de projeções vivas desse material inconsciente. Isso pode se dar acompanhado por uma grande variedade de ex­periências envolvendo outros sentidos - sons variados, sensações físicas, cheiros e sabores. As emoções associadas aos estados holotrópicos cobrem um largo espectro que, tipicamente, estende-se muito além dos limites de nossa experiência diária, tanto em sua natureza quanto em intensidade. Elas vão desde sensações de enle­vo extático, bem-aventurança celestial e "paz além de qualquer compreensão" a episódios de terror abismal, raiva assassina, desespero total, culpa consumidora e outras formas inimagináveis de extremo sofrimento emocional. Formas extre­mas desses estados emocionais igualam-se às descrições dos reinos paradisíacos ou celestiais e dos infernos constantes nas escrituras das grandes religiões do mundo. Um aspecto particularmente interessante dos estados holotrópicos é seu efeito sobre os processos de pensamento. O intelecto não fica debilitado, mas opera de uma forma significativamente diferente do seu modo de funcionamen­to diário. Embora não possamos confiar em nosso julgamento sobre assuntos práticos, podemos ser efetivamente inundados por notáveis e válidas informa­ções sobre uma variedade de assuntos. Podemos ter profundos insights psicológi­cos relativos à nossa história pessoal, dinâmicas inconscientes, dificuldades emo­cionais e problemas interpessoais. Também podemos experimentar revelações extraordinárias sobre vários aspectos da natureza e do cosmo que em muito trans­cendem nossa formação educacional e intelectual. Contudo, de longe, os mais interessantes insights disponíveis durante os estados holotrópicos tratam de ques­tões filosóficas, metafísicas e espirituais. Podemos experimentar seqüências de morte e renascimento psicológicos e um largo espectro de fenômenos transpessoais, tais como sensações de total união com outras pessoas, com a natureza, com o universo e com Deus. Podemos desvendar o que parecem ser memórias de outras encarnações, encontrar pode­rosas figuras arquetípicas, ter comunicação com seres desencarnados e visitar numerosas paisagens mitológicas. Esse tipo de experiências holotrópicas são a principal fonte de cosmologias, mitologias, filosofias e sistemas religiosos que descrevem a natureza espiritual do cosmo e da existência. Elas são a chave para a compreensão da vida ritual e espiritual da humanidade, desde o xamanismo e as cerimônias sagradas das tribos aborígenes até as grandes religiões do mundo.
(Grof, 2000)

quarta-feira, 18 de junho de 2008

O Que São os Estados Holotrópicos de Consciência? 2ª parte


texto do capítulo 1 do livro Psicologia do Futuro, Stanislav Grof. - Ed Heresis

Estados Holotrópicos de Consciência e a História da HumanidadeQuando examinamos o papel desempenhado pelos estados holotrópicos de consciência na história da humanidade, a descoberta mais surpreendente é uma gritante diferença entre a atitude da civilização industrial do Ocidente e as atitudes de todas as culturas antigas e pré-industriais em relação a esses estados. Contrastando com a humanidade moderna, todas as culturas nativas tinham os estados holotrópicos em alta estima, dedicando tempo e esforço para desenvol­ver formas seguras e eficazes para induzi-Ias. Elas utilizavam esses estados como o principal veículo em sua vida espiritual e ritual, assim como para vários outros propósitos importantes.
No contexto das cerimônias sagradas, os estados não-comuns permitiam, para os nativos, um direto contato experiencial com as dimensões arquetípicas da realidade - divindades, reinos mitológicos e forças numinosas da natureza. Outra área na qual esses estados desempenhavam um papel crucial era o diag­nóstico e a cura de várias desordens. Embora muitas vezes as culturas aborígenes possuíssem um conhecimento impressionante de remédios naturais, davam pri­oridade para a cura metafísica. O que tipicamente envolvia a indução de estados holotrópicos de consciência - para o cliente, para o curandeiro ou para ambos ao mesmo tempo. Em muitas situações, um grupo grande ou até mesmo uma tribo inteira entrava em transe de cura, como até hoje se dá, por exemplo, entre os kung bushmen, no deserto africano do Kalahari.
Os estados holotrópicos também foram usados para cultivar a intuição e a percepção extra-sensorial com uma variedade de propósitos práticos, tais come encontrar pessoas ou objetos perdidos, obter informações sobre pessoas em lo­cais distantes e seguir o movimento de um jogo. Além disso, serviam como fonte de inspiração artística, provendo idéias para rituais, pinturas, esculturas e can­ções. O impacto que as experiências vividas nesses estados surtiu sobre a vida cultural das sociedades pré-industriais e sobre a história espiritual da humanida­de foi enorme.
A importância dos estados holotrópicos para as culturas antigas e aboríge­nes reflete-se na quantidade de tempo e energia dedicados ao desenvolvimento de "técnicas do sagrado" - vários procedimentos de alteração da consciência capazes de induzir estados holotrópicos com propósitos rituais e espirituais. Es­ses métodos combinam, de várias maneiras, tambores e outros tipos de percus­são, música, cantos, danças rítmicas, controle da respiração e formas especiais de percepção. Um longo período de isolamento, a permanência em uma caverna,. no deserto, no gelo ártico ou em montanhas altas também desempenha um im­portante papel na indução de estados holotrópicos. Intervenções fisiológicas extremas utilizadas com esse propósito incluem o jejum, privação de sono, desi­dratação e até mesmo grandes sangrias, utilização de purgativos e laxantes po­derosos e a imposição de dores severas.
Uma tecnologia particularmente eficaz, na indução de estados holotrópicos tem sido a utilização ritual de plantas e substâncias psicodélicas. A lendária po­ção divina conhecida como haoma no antigo Zend Avesta Persa e soma na Índia era usada pelas tribos indo-iranianas há vários milênios e foi, provavelmente, a fonte mais importante da religião e da filosofia védicas. Preparações de diferen­tes tipos de cânhamo têm sido fumadas e ingeridas sob diferentes denominações (haxixe, charas, bhang, ganja, kif, maconha) nos países orientais, na África e na re­gião do Caribe para recreação, prazer e durante cerimônias religiosas. Elas têm representado um importante sacramento para grupos tão diversos como os brâmanes, algumas ordens sufis, os antigos skythians, e os rastafaris jamaicanos­

Tabela 1.1 - Técnicas Antigas e Aborígenes para a Indução de Estados Holotrópicos

Trabalhos respiratórios, diretos ou indiretos
(pranayama, ioga bastrika, "respiração de fogo" budista, respiração sufi, ketjak balinês, música de garganta dos esquimós inuit etc.)

Tecnologias sonoras (tambores, chocalhos, utilização de paus, sinos, gongos, música, cantos, mantras, didjeridoos, berrantes)

Danças e outras formas de movimento (rodopios dos dervishes, danças dos lamas, dança de transe dos bushmen do Kalahari, hatha ioga, tai chi, chigong etc.)

Isolamento social e privação sensorial (permanência em desertos, cavernas, topos de monta­nhas, campos de neve, busca de visão etc.)

Sobrecarga sensorial (uma combinação de estímulos acústicos, visuais e proprioceptivos du­rante rituais aborígenes, dor extrema etc.)

Meios fisiológicos (jejum, privação de sono, purgativos, laxantes, sangrias (maias), procedi­mentos fisicos dolorosos (dança do sol dos lakota sioux, subincisão, obturações dentárias)

Meditação, orações e outras práticas espirituais (várias iogas, tantra, práticas do zen soto e rinzai, dzogchen tibetano, hesicasmo cristão (oração de Jesus), os exercícios de Inácio de Loyola etc.)

Materiais psicodélicos de plantas e animais (haxixe, peiote, teonanacatl, ololiuqui, ayahuasca, iboga, ipoméia havaiana, arruda síria, secreção da pele do sapo bufo alvarius, peixe kyphosus fuscus do Pacífico etc.)

A utilização cerimonial de várias substâncias psicodélicas também tem uma longa história na América Central. Plantas que alteram a mente com muita eficá­cia eram bastante conhecidas em várias culturas indígenas pré-hispânicas - entre os astecas, maias e toltecas. As mais famosas entre elas são o cacto mexicano peiote (lophophora williamsii), o cogumelo sagrado teonanacatl (psilocybe mexicana) e ololiuqui,, sementes de diferentes variedades de plantas trepadeiras (ipomea violacea e Turbina corymbosa). Essas substâncias têm sido usadas como sacramentos até hoje pelos huichol, mazatec, chichimea, cora e outras tribos de índios mexica­nos, assim como pela Native American Church.
A famosa ayahuasca, yajé ou santo-daime sul-americana é uma decocção de um cipó da selva (banisteriopsis caapi) combinado com outras plantas. A região amazônica e as ilhas do Caribe também são conhecidas por uma variedade de rapés psicodélicos. Tribos aborígenes na África ingerem e inalam preparados da casca do arbusto iboga (tabernanthe iboga). Utilizam-nas em pequenas quantida­des como estimulantes e em maiores dosagens em rituais de iniciação para homens e mulheres. Os compostos psicodélicos de origem animal incluem as se­creções da pele de certos sapos (bufo alvarius) e a carne do peixe kyphosus fuscus do Pacífico. A lista acima representa apenas uma pequena fração de materiais psicodélicos que têm sido utilizados há muitos séculos em práticas rituais e espi­rituais de vários países do mundo.
A prática da indução de estados holotrópicos pode ser rastreada até o início da história humana. É o traço característico mais importante do xamanismo, o sistema espiritual e arte de cura mais antigo da humanidade. A carreira de mui­tos xamãs inicia-se com uma crise psicoespiritual espontânea ("doença xamanística"). É um estado visionário poderoso, durante o qual o futuro xamã tem a experiência de uma jornada ao submundo, o domínio dos mortos, onde ele ou ela é atacado por espíritos malignos, sujeitado a várias provações, assassi­nado e desmembrado. A isso segue-se uma experiência de renascimento e ascen­são aos domínios celestiais.
O xamanismo está conectado. com os estados holotrópicos ainda de outra maneira: os xamãs experientes são capazes de entrar em transe por pura vonta­de e de forma controlada. Usam esse estado para diagnosticar doenças, curar, ter percepções extra-sensoriais, explorar diferentes dimensões da realidade e para outros propósitos. Também é comum eles induzirem estados holotrópicos em outros membros de suas tribos e desempenharem o papel de acompanhantes - fornecendo a orientação e o apoio necessários para aqueles que estão atraves­sando os complexos territórios do Além.
o xamanismo é extremamente antigo, existe há provavelmente trinta ou quarenta mil anos e suas raízes podem ser rastreadas até a era paleolítica. As paredes das famosas cavernas no sul da França e norte da Espanha - como as de Lascaux, Font de Gaume, Les Trois Frères, Altamira e outras - são decoradas com belíssimas imagens de animais. Em sua maior parte, elas representam espé­cies que vagavam nas paisagens da Idade da Pedra - bisões, cavalos selvagens, veados, cabras montanhesas, mamutes, lobos, rinocerontes e renas. Contudo, outras imagens, como a Besta Encantada em Lascaux, são criaturas míticas que têm, claramente, significados mágicos e rituais. Em várias dessas cavernas, há pinturas e entalhes de figuras estranhas combinando traços humanos e animais que, sem dúvida, representam antigos xamãs.
A mais conhecida dessas imagens é o Feiticeiro de Les Trois Frères, uma misteriosa figura composta que combina vários símbolos masculinos. Ele tem a armação de veado, olhos de coruja, cauda de lobo ou cavalo selvagem, barba humana e garras de leão. Outra famosa escultura de um xamã no mesmo com­plexo de cavernas é o Mestre das Feras, presidindo os Felizes Campos de Caça repletos de belíssimos animais. Também muito conhecida é a cena de caça na parede de Lascaux. Ela retrata um bisão ferido e a figura deitada de um xamã com o pênis ereto. A gruta conhecida por La Gabillou abriga o entalhe de uma figura xamanística em movimento dinâmico a quem os arqueólogos denominam como O Dançarino.
No chão de argila de uma dessas cavernas, Tuc d'Audoubert, os pesquisa­dores encontraram pegadas, em arranjo circular, à volta da figura de dois bisões de argila, sugerindo que seus habitantes conduziam danças, semelhantes àque­las até hoje praticadas por várias culturas aborígenes, para induzir estados de transe. As origens do xamanismo podem ser rastreadas até outro culto neandertal ainda mais antigo, o do urso da caverna, como é exemplificado pelos santuários animais do período interglacial encontrados em grutas na Suíça e no sul da Ale­manha.
O xamanismo não é apenas antigo: ele também é universal - pode ser encontrado na América do Norte e do Sul, na Europa, África, Ásia, Austrália, Micronésia e Polinésia. O fato de, através da história humana, tantas culturas distintas terem achado as técnicas xamanísticas úteis e relevantes sugere que os estados holotrópicos envolvem o que os antropólogos chamam de "mente primal", um aspecto básico e primordial da psique humana que transcende raça, sexo, cultura e tempo histórico. Nas culturas que escaparam à profunda influência da civilização industrial do Ocidente, as técnicas e procedimentos xamanísticos so­brevivem até hoje.
Outro exemplo de transformação psicoespiritual culturalmente sanciona­da envolvendo estados holotrópicos são os eventos rituais denominados pelos antropólogos como ritos de passagem. Esta expressão foi cunhada pelo antropólogo holandês Arnold van Gennep, autor do primeiro tratado científico sobre o assunto (Van Gennep, 1960). Cerimônias desse tipo sempre fizeram parte de todas as culturas nativas conhecidas e ainda fazem parte de muitas sociedades pré-industriais. Seu principal propósito é o de redefinir, transformar e consa­grar indivíduos, grupos e até mesmo culturas inteiras.
Os ritos de passagem são conduzidos em épocas de mudanças críticas na vida de indivíduos ou de uma cultura. A época em que se dão costumam coinci­dir com importantes transições fisiológicas e sociais, tais como o nascimento de uma criança, circuncisão, puberdade, casamento, menopausa e morte. Rituais semelhantes também estão associados à iniciação ao status de guerreiro, à aceita­ção em sociedades secretas, festivais de renovação, cerimônias de cura e mudan­ças geográficas de grupos humanos.
Ritos de passagem envolvem poderosos procedimentos de alteração men­tal que induzem experiências de desorganização psicológica que resultam em uma integração em nível mais elevado. Esse episódio de morte e renascimento psicoespirituais é então interpretado como morrer para o papel antigo e nascer para o novo. Por exemplo, nos ritos de puberdade, os neófitos entram no proce­dimento como meninos e meninas para emergir como adultos com todos os direitos e deveres que acompanham esse status. Em todas essas situações, o indi­víduo ou grupo social deixa para trás uma forma de ser para entrar em circuns­tâncias de vida totalmente novas.
A pessoa que volta não é a mesma que entrou no processo de iniciação. Havendo passado por uma profunda transformação psicoespiritual, ele ou ela tem uma conexão pessoal com as dimensões numinosas da existência, assim como uma visão de mundo nova e mais ampla, uma melhor auto-imagem e um sistema de valores diferente. Tudo isso resulta de uma crise induzida propositadamente, a qual toca o âmago do ser do neófito e que, às vezes, é aterradora, caótica e desorganizadora. Assim, os ritos de passagem oferecem um outro exemplo de uma situação na qual um período de desintegração e tumulto temporários leva a uma sanidade e bem-estar maiores.
Os dois exemplos de "desintegração positiva" que expus até o momento­ - crise xamanística e a experiência do rito de passagem - têm muitos pontos em comum, mas também diferem de algumas maneiras importantes. A crise xamanística invade a psique do futuro xamã de forma inesperada, sem avisar: é de natureza espontânea e autônoma. Em comparação, os ritos de passagem são fruto de uma cultura e seguem um plano predeterminado. As experiências dos neófitos são o resultado de específicas "tecnologias do sagrado", desenvolvi­das e aperfeiçoadas pelas gerações anteriores.
Em culturas que veneram xamãs e também conduzem ritos de passagem, a crise xamanística é considerada como uma forma de iniciação muito superior ao rito de passagem. Ela é vista como uma intervenção do poder superior e, como tal, uma indicação da escolha divina e de um chamado especial. A partir de outra perspectiva, os ritos de passagem representam um passo à frente na apre­ciação cultural do valor positivo dos estados holotrópicos. As culturas xamanísticas aceitam e têm alta estima pelos estados holotrópicos que ocorrem espontanea­mente, durante crises de iniciação, assim como os transes de cura experimenta­dos ou induzidos por xamãs reconhecidos. Os ritos de passagem introduzem os estados holotrópicos na cultura em larga escala, os institucionalizam, e fazem deles parte integrante de suas vidas rituais e espirituais.
Os estados holotrópicos de consciência também desempenharam um pa­pel crucial nos antigos mistérios de morte e renascimento, procedimentos sagrados e secretos largamente disseminados no mundo antigo. Esses mistérios baseavam­-se em histórias mitológicas sobre divindades que simbolizavam morte e transfi­guração. Na antiga Suméria eram Inanna e Tammuz, no Egito eram Ísis e Osíris, e na Grécia as divindades Átis, Adônis, Dionísio e Perséfone. Seus corresponden­tes mesoamericanos foram o Quetzalcoatl asteca, ou a Serpente Emplumada, e os Heróis Gêmeos do Popol Vuh maia. Esses mistérios eram particularmente populares na região mediterrânea e no Oriente Médio, conforme é exemplificado pelas iniciações nos templos da Suméria e do Egito, pelos mistérios mitráicos, ou pelos ritos gregos, as bacanais e os mistérios de Elêusis.
Um impressionante testemunho do poder e impacto dessas experiências é o fato de os mistérios conduzidos no santuário de Elêusis, perto de Atenas, se darem regular e ininterruptamente, a cada cinco anos, por um período de quase dois mil anos. Mesmo então, eles não paravam de atrair a atenção do mundo antigo. As atividades cerimoniais de Elêusis foram brutalmente canceladas quando o imperador cristão Teodósio interditou a participação nos mistérios e em todos os outros cultos pagãos. Pouco tempo mais tarde, em 395 d.C., os invasores góti­cos destruíram o santuário.
No telestérion, o gigantesco salão de iniciação em Elêusis, mais de três mil neófitos experimentavam simultaneamente profundas transformações psicoespirituais. A importância cultural desses mistérios para o mundo antigo e seu ainda não reconhecido papel na história da civilização européia tornam-se evidentes quando nos damos conta de que, entre seus iniciados, havia muitas figuras ilustres da antigüidade. A lista de neófitos incluía os filósofos Platão. Aristóteles, Epicteto, o líder militar Alcebíades, os teatrólogos Eurípedes e Sófocles e o poeta Píndaro. Outro iniciado famoso, Marco Aurélio, era fascinado pelas perspectivas escatológicas oferecidas por esses ritos. O estadista e filósofo roma­no, Marco Túlio Cícero tomava parte nos mistérios e escreveu um relato entusi­asmado dos seus efeitos e impacto sobre as civilizações antigas (Cícero, 1977).
Outro exemplo do grande respeito e influência que as antigas religiões misteriosas tinham sobre o mundo antigo é o mitraísmo. Ele começou a se difun­dir pelo império romano no século 1° d.C., alcançou seu ápice no século 3°, e sucumbiu ao cristianismo no final do século 4°. No ponto alto do culto, podia-se encontrar os santuários subterrâneos mitráicos (mithrea) desde as praias do mar Negro até as montanhas da Escócia e a fronteira do deserto do Saara. Os misté­rios mitráicos representavam a religião irmã do cristianismo e seu concorrente mais importante (Ulansey, 1989).
As especificidades dos procedimentos de alteração mental nesses ritos se­cretos permaneceram, em grande parte, desconhecidas, embora seja provável que a sagrada poção kykeon, que representava um papel fundamental nos misté­rios eleusianos, fosse um preparado contendo alcalóides de ergotina, semelhantes ao LSD. Também é muito provável que materiais psicodélicos fizessem parte das bacanais e de outros ritos. Os gregos antigos ainda não conheciam o processo de destilação do álcool, mas, segundo relatos, os vinhos utilizados nos rituais de Dionísio tinham que ser diluídos de três a vinte vezes, e apenas três copos levavam alguns neófitos "à beira da insanidade" (Wasson, Hofmann, & Ruck, 1978).
Além das tecnologias do sagrado antigas e aborígenes acima mencionadas, muitas grandes religiões desenvolveram procedimentos psicoespirituais sofistica­dos, especificamente elaborados para induzir experiências holotrópicas. A essa classe pertencem, por exemplo, diferentes técnicas de ioga, meditações utilizadas no vipassana, zen, e budismo tibetano, assim como exercícios espirituais da tradição taoísta e complexos rituais tântricos. Aqui podemos adicionar várias elaboradas abordagens utilizadas pelos sufis, os místicos do Islã. Em suas cerimônias­ sagradas, ou zikers, eles regularmente utilizavam respiração intensa, cânticos devocionais e danças rodopiantes que induzem transes.
Da tradição judáico-cristã, aqui podemos mencionar os exercícios de respiração dos essênios e seu batismo que quase envolvia o afogamento, a oração de Jesus cristã (hesicasmo), os exercícios de Inácio de Loyola e vários procedimen­tos cabalísticos e hassídicos. As abordagens elaboradas para induzir ou facilitar ciências espirituais diretas são características das ramificações místicas das grandes religiões e de suas ordens monásticas.

Estados Holotrópicos na História da PsiquiatriaA clara aceitação dos estados holotrópicos na era pré-industrial contrasta com a atitude complexa e confusa da civilização industrial em relação a eles. Os estados holotrópicos de consciência desempenharam um papel muito impor­tante no início da história da psicologia profunda e da psicoterapia. Nos manu­ais da psiquiatria, as raízes da psicologia profunda costumam ser rastreadas de volta às sessões de hipnose com pacientes histéricos conduzidas por Jean Martin Charcot na Salpetrière, Paris, e à pesquisa da hipnose conduzida por Hippolyte Bernheim e Ambroise Liébault em Nancy. Sigmund Freud visitou ambos os lugares durante sua jornada de estudos na França e aprendeu a técnica da indução à hipnose. Ele a utilizou em suas explorações iniciais para acessar o inconsciente de seus pacientes. Posteriormente, mudou sua estratégia radicalmente e trocou essa abordagem pelo método de livres associações.
Além disso, as idéias iniciais de Freud foram inspiradas por seu trabalho ­com uma paciente a quem tratava em parceria com seu colega Joseph Breuer. Essa jovem, a quem Freud se referia em seus escritos como srta. Anna O., sofria de graves sintomas histéricos. Durante suas sessões terapêuticas, ela experimentava, espontaneamente, estados holotrópicos de consciência. Neles, ela regressa­va à infância e revivia várias lembranças traumáticas subjacentes à sua desordem neurótica. Ela considerou essas experiências como uma grande ajuda e referiu-­se a elas como uma "limpeza da chaminé". Em Estudos da histeria, os dois terapeutas recomendaram a regressão hipnótica e a ab-reação emocional posterior a trau­mas como forma de tratamento para as psiconeuroses (Freud & Breuer, 1936).
Em seu trabalho posterior Freud mudou da experiência emocional direta em estado holotrópicos para a livre associação em estado comum de consciência.. Ele também substituiu a ênfase no reviver consciente e na ab-reação emocional do material inconsciente pela análise de transferência, e o trauma efetivo pelas fantasias edipianas. Em retrospecto, esses parecem ter sido infelizes desenvolvi­mentos que levaram a psicoterapia ocidental na direção errada nos cinqüenta anos subseqüentes (Ross, 1989). Embora a terapia verbal possa ser muito útil para o aprendizado interpessoal e para retificar desajustes de interação e comu­nicação nos relacionamentos humanos (e.g., terapia de casal e de família), ela é ineficaz para lidar com bloqueios emocionais e bioenergéticos e com macrotraumas que subjazem a muitas desordens emocionais e psicossomáticas.
Como resultado desse desenvolvimento, na primeira metade do século 20 a psicoterapia era praticamente sinônimo de falar - entrevistas face-a-face, livres associações no divã e o descondicionamento behaviorista. Simultaneamente, os estados holotrópicos, inicialmente vistos como uma eficaz ferramenta terapêuti­ca, foram associados a patologia e não a cura.
Essa situação começou a mudar nos anos 50, com o aparecimento da tera­pia psicodélica e com inovações radicais na psicologia. Um grupo de psicólogos americanos, liderados por Abraham Maslow, insatisfeitos com o behaviorismo e a psicanálise freudiana, lançaram um novo movimento revolucionário, a psicolo­gia humanista. Em pouco tempo, esse movimento tornou-se muito popular e criou o contexto para um largo espectro de terapias baseadas em princípios inteira­mente novos.
Enquanto as psicoterapias tradicionais usavam meios predominantemen­te verbais e a análise intelectual, essas novas, terapias ditas experienciais, enfatizavam a experiência direta e a expressão das emoções. Muitas delas inclu­íam também várias formas de trabalho corporal como parte integrante do pro­cesso terapêutico. Provavelmente, a mais famosa dessas novas abordagens é a terapia Gestalt de Fritz Perls (Perls, 1976). Apesar de sua ênfase em experiência emocional, a maioria dessas terapias ainda conta, em grande medida, com a comunicação verbal e requer a permanência do cliente em um estado comum de consciência.
As inovações mais radicais no campo terapêutico têm sido abordagens tão poderosas que modificam profundamente o estado de consciência dos clientes, como a terapia psicodélica, várias abordagens neo-reichianas, terapia primal, renascimento e algumas outras. Minha esposa Christina e eu desenvolvemos o trabalho de respiração holotrópica, um método que pode facilitar estados holotrópicos profundos, de forma muito simples - uma combinação de respira­;ão consciente, música evocativa e trabalho corporal focalizado (Grof, 1988). Examinaremos a teoria e a prática dessa poderosa forma de auto-exploração e psicoterapia mais adiante.
A pesquisa psicofarmacológica moderna enriqueceu o arsenal de métodos indução a estados holotrópicos de consciência adicionando substâncias psicodélicas em forma química pura, seja isoladas de plantas ou sintetizadas em labo­ratório. Aqui se incluem os tetraidrocanabinóis (THC), princípios ativos do haxixe da maconha, a mescalina do peiote, a psilocibina e a psilocina dos cogumelos mágicos mexicanos e vários derivados da triptamina dos rapés psicodélicos utili­zados no Caribe e na América do Sul. O LSD, ou dietilamida do ácido lisérgico, uma substância semi-sintética: o ácido lisérgico é um produto natural da ergotina (esporão do centeio) e seu grupo de diatilamida é adicionado no laboratório. Os sintéticos psicodélicos mais famosos são os derivados da anfetamina MDA, MDMA (Adam ou Ecstasy), STP e 2-CB.
Também existem técnicas laboratoriais muito eficazes para alterar a cons­ciência. Uma delas é o isolamento sensorial, que envolve uma redução significativa de estímulos sensoriais expressivos (Lilly, 1977). Em sua modalidade mais extre­ ma, o indivíduo é privado de quaisquer informações sensoriais através da sub­mersão em um tanque escuro e à prova de som, com água na temperatura do corpo. Outro método laboratorial de mudança de consciência, bastante conheci­do, é o biofeedback, pelo qual o indivíduo é guiado, com sinais eletrônicos de feedback (retroalimentação), a estados holotrópicos de consciência caracterizados pela preponderância de certas freqüências específicas de ondas cerebrais (Green & Green, 1978). Também podemos mencionar aqui as técnicas de privação de sono e sonho e o sonhar lúcido (La Berge, 1985).
È importante enfatizar que episódios de estados holotrópicos de duração variada também podem ocorrer espontaneamente, sem qualquer causa identificável e específica e, muitas vezes, contra a vontade das pessoas envolvi­das. Como a psiquiatria moderna não faz diferença entre estados místicos ou espirituais e doenças mentais, as pessoas que experimentam esses estados costu­mam ser rotuladas de psicóticas, são hospitalizadas e recebem o tratamento de rotina com supressores psicofarmacológicos. Minha esposa Christina e eu nos referimos a esses estados como crises psicoespirituais ou emergências espirituais. Acre­ditamos que, devidamente apoiadas e tratadas, elas podem resultar em cura emocional e psicossomática, transformação positiva da personalidade e evolução da consciência (Grof & Grof, 1989, 1990). Voltarei a esse importante tópico em um capítulo posterior.
Embora tenha me interessado profundamente por todas as categorias de estados holotrópicos acima mencionados, desenvolvi a maior parte do meu tra­balho nas áreas de terapia psicodélica, respiração holotrópica e emergência es­piritual. Este livro baseia-se predominantemente em minhas observações dessas três áreas nas quais tenho maior experiência pessoal. Contudo, as conclusões gerais que farei a partir de minhas pesquisas aplicam-se a todas as situações que envolvem estados holotrópicos.

Psiquiatria Ocidental: Concepções Errôneas e Necessidade Urgente de Revisão O advento da terapia psicodélica e de poderosas técnicas experienciais reintroduziram os estados holotrópicos no arsenal da psiquiatria moderna. Con­tudo, desde o início, a comunidade acadêmica dominante tem demonstrado uma forte resistência contra essas abordagens e não as aceita como modalidade de tratamento ou como fonte de desafios conceituais críticos.
Todas as evidências publicadas em periódicos e livros profissionais não foram suficientes para desafiar a atitude, profundamente arraigada, que foi estabelecida em relação aos estados holotrópicos na primeira metade do século 20. Os problemas resultantes da auto-experimentação não-supervisionada dos jovens dos anos 60 e as concepções errôneas disseminadas por jornalistas em busca de sensacionalismo complicaram o quadro ainda mais e não permitiram uma avaliação realista do potencial dos psicodélicos, assim como dos riscos asso­ciados à sua utilização.
Apesar das avassaladoras evidências do contrário, os psiquiatras da cor­rente dominante continuam a encarar todos os estados de consciência holotrópica como patológicos, desconsideram as informações geradas em pesquisas relativas a esses estados e não fazem distinção entre estados místicos e psicose. Eles tam­bém continuam a utilizar vários meios farmacêuticos para suprimir, indis­criminadamente, todos os estados não-comuns de consciência que ocorrem es­pontaneamente. É impressionante a que ponto a ciência dominante tem ignora­do, distorcido e interpretado erroneamente todas as evidências relativas aos es­tados holotrópicos, sejam oriundos de estudos históricos, religião comparada, antropologia ou várias áreas da moderna pesquisa de consciência, tais como parapsicologia, terapia psicodélica, psicoterapias experienciais, hipnose, tanatologia ou trabalhos laboratoriais efetuados com técnicas de alteração men­tal.
A rigidez com a qual os cientistas da corrente dominante têm lidado com as informações acumuladas por todas essas disciplinas é algo que se esperaria de fundamentalistas religiosos. É muito surpreendente quando tal atitude ocorre no mundo da ciência, já que isto é contrário ao próprio espírito do questionamento científico. Mais de quatro décadas de pesquisas da consciência me convenceram de que um exame sério dos dados sobre estados holotrópicos teria conseqüênci­as de grande alcance não apenas para a teoria e prática da psiquiatria, mas tam­bém para a científica visão de mundo ocidental. A única forma pela qual a ciên­cia moderna pode preservar sua monística filosofia materialista é a exclusão e a censura sistemáticas dos dados relativos aos estados holotrópicos.
Conforme vimos, a utilização do potencial de cura dos estados holotrópicos é o desenvolvimento mais recente da psicoterapia ocidental, se não considerar­mos o breve período da virada do século passado que discutimos anteriormente. Paradoxalmente, em um contexto histórico maior, é também o mais antigo mé­todo de cura e pode ser rastreado até os primórdios da humanidade. As terapias que utilizam os estados holotrópicos representam, portanto, uma redescoberta e interpretação moderna dos elementos e princípios que foram documentados por antropólogos que estudaram formas antigas e aborígenes de cura espiritual, principalmente vários procedimentos xamanísticos.

Implicações da Moderna Pesquisa de Consciência para a Psiquiatria
Como mencionei anteriormente, a psiquiatria e a psicologia ocidentais não vêem os estados holotrópicos (com exceção dos sonhos que não sejam recor­rentes e assustadores) como tendo um potencial terapêutico e heurístico, mas sim como, basicamente, fenômenos patológicos. Michael Harner um antropólo­go bem-conceituado na academia que passou por uma iniciação xamanística durante seu trabalho de campo na selva amazônica e que pratica o xamanismo, sugere que a psiquiatria ocidental é gravemente tendenciosa em pelo menos duas formas significativas. Ela é etnocêntrica, o que significa que ela considera sua própria visão da psique humana e da realidade como a única visão correta, supe­rior a todas as outras. Ela também é cognicêntrica (uma palavra mais correta tal­vez seja pragmacêntrica), significando que leva em consideração apenas as experi­ências e observações nos estados comuns de consciência (Harner, 1980).
A falta de interesse e o pouco caso dos psiquiatras em relação aos estados holotrópicos resultou em uma abordagem culturalmente insensível e uma ten­dência a considerar patológicas todas as atividades que não podem ser compre­endidas no contexto estreito do paradigma materialista monístico. Isso inclui a vida ritual e espiritual de culturas antigas e pré-industriais e toda a história espi­ritual da humanidade. Ao mesmo tempo, essa atitude também ofuscou o desafio crítico conceitual que o estudo de estados holotrópicos traz para a teoria e a prática da psiquiatria.
Se estudarmos, sistematicamente, as experiências e observações associa­das aos estados holotrópicos, isso levaria, inevitavelmente, a uma revisão radical de nossas idéias básicas sobre a consciência e a psique humana, e a uma aborda­gem totalmente nova da psiquiatria, da psicologia e da psicoterapia. As mudan­ças que teríamos de fazer em nossa forma de pensar incidem em várias grandes categorias.

A Natureza da Psique Humana e as Dimensões da Consciência


A psiquiatria e a psicologia acadêmicas tradicionais usam um modelo limi­tado à biologia, à biografia pós-natal e ao inconsciente individual freudiano. Para poder explicar todos os fenômenos que ocorrem durante os estados holotrópicos, temos que fazer uma revisão drástica da nossa compreensão das dimensões da psique humana. Além do nível biográfico pós-natal, a nova cartografia ampliada inclui ainda dois outros domínios: o perinatal (relacionado ao trauma do nasci­mento) e o transpessoal (que compreende memórias ancestrais, raciais, coletivas e filogenéticas, experiências cármicas e dinâmicas arquetípicas).

A Natureza e a Arquitetura de Desordens Emocionais e Psicossomáticas

Para explicar várias desordens que não têm base orgânica ("psicopatologia psicogênica"), a psiquiatria tradicional utiliza um modelo que se limita a trau­mas biográficos pós-natais ocorridos durante a infância e a vida adulta. A nova compreensão sugere que as raízes de tais desordens vão bem mais fundo, inclu­indo contribuições significativas do nível perinatal (trauma de nascimento) e dos domínios transpessoais (conforme especificado acima).

Mecanismos Terapêuticos Eficazes

A psicoterapia tradicional só conhece os mecanismos terapêuticos que operam no nível do material biográfico, tais como a lembrança de eventos es­quecidos, a suspensão de repressão, a reconstrução do passado a partir de so­nhos ou sintomas neuróticos, o reviver de lembranças traumáticas e a análise de transferência. A pesquisa holotrópica revela vários outros importantes mecanis­mos de cura e de transformação da personalidade que se tornam disponíveis quando nossa consciência alcança os níveis perinatal e transpessoal.

Estratégia da Psicoterapia e da Auto-Exploração


O objetivo das psicoterapias tradicionais é alcançar uma compreensão in­telectual de como a psique funciona, o motivo do desenvolvimento dos sintomas e o que eles significam. Essa compreensão torna-se a base para o desenvolvimen­to de uma técnica que os terapeutas possam usar para tratar seus pacientes. Um sério problema com essa estratégia é a gritante falta de concordância entre psi­cólogos e psiquiatras em relação às questões teóricas mais fundamentais, do que resulta o espantoso número de escolas de psicoterapia que competem entre si. O trabalho com estados holotrópicos mostra-nos uma surpreendente e radical al­ternativa - a mobilização da inteligência interna profunda dos clientes que guia o processo de cura e transformação.

O Papel da Espiritualidade na Vida Humana

A ciência materialista ocidental não tem lugar para qualquer tipo de espiritualidade e, na realidade, considera-a incompatível com a visão de mundo científica. A moderna pesquisa da consciência mostra que a espiritualidade é uma dimensão natural e legítima da psique humana e do plano universal das coisas. Contudo, nesse contexto, é importante enfatizar que essa declaração apli­ca-se à espiritualidade genuína e não às doutrinas das religiões organizadas.

A Natureza da Realidade: Psique, Cosmo e Consciência


As necessárias revisões discutidas até este ponto relacionavam-se à teoria e à prática da psiquiatria, psicologia e psicoterapia. Contudo, o trabalho com esta­dos holotrópicos traz desafios de natureza muito mais fundamental. Muitas das experiências e observações que ocorrem durante esse trabalho são tão extraordi­nárias que não podem ser compreendidas no contexto da abordagem monística materialista da realidade. Seu impacto conceitual é de tão longo alcance que mina as conjecturas metafísicas mais básicas da ciência ocidental, principalmen­te aquelas relativas à natureza da consciência e à sua relação com a matéria.


(Grof, 2000)